quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Crónica do Casamento de D.João I
Decorria o ano do Senhor de 1387.
Um ano antes tinha decorrido a festa de noivado entre D. Filipa de Lencastre, filha do Duque de Lencastre e o rei de Portugal, D. João I.
Nesse dia 2 de Fevereiro, a noiva vinha mais divinal do que um anjo e acreditai, que o povo já a domina por "Princesa do Santo Graal".
Esta tinha vestido um elegante pelote feito da mais pura seda, que jamais se vira em todo o reino de Portugal e dos Algarves e vestia também uma elegante camisa feita com o mais puro linho que jamais se fabricara em toda a região de entre Douro e Minho.
Os seus sapatos eram feitos da melhor pele de vaca e estavam bordados a ouro e a esmeraldas.
D Filipa levava no seu pescoço um bonito colar feito dos mais belos corais, das pérolas mais brilhantes e do mais puro âmbar que jamais se vira em todo o reino.
Os seus longos cabelos estavam adornados por um diadema fabricado pelo joalheiro mais famoso da Europa.
Espero que esta descrição de D.Filipa vos agrade muito, mas deixemos esta em paz e falemos da descrição do rei D. João I.
Este tinha vestido uma belissíma alcândora feita da mais pura seda e esta estava bordada a ouro.
Também levava um par de calças feitas com o mais puro linho que jamais se vira na cidade do Porto.
Levava também um manto bordado com o mais puro ouro, que jamais se vira em toda a Europa Medieval.
A cobrir os seus belos cabelos castanhos levava um chapéu bordado a ouro e prata.
Os seus sapatos eram bordados a ouro e com joias preciosas.
Sabeis, porque é que naquele dia havia mais guardas do que nos outros dias todos?
Se não sabeis digo-vos agora a resposta, é que naquele dia havia muitas riquezas concentradas e tinha-se medo que os larápios ainda roubassem tudo.
Esperemos que o rei faça feliz a "Princesa do Santo Graal".
O casamento, esse, realizou-se na Sé do Porto e foi presidido pelo Bispo do Porto, D.Afonso de Avis, tio do rei D.João I.
Alguns dos convidados deste casamento foram D. Teresa de Lencastre e D. Sofia de Lencastre, D. Filipe e D. Afonso de Aviz, irmãos de D. João I.
Entre outros convidados, contavam-se D. Inês e D. Pedro de Coimbra, duques das terras entre Coimbra e Aveiro e mais alguns duques, marqueses e condes.
O banquete, esse realizou-se na casa dos Condes do Porto, D. Tiago e D. Margarida da Cunha e Sá e essa casa situava-se na Rua da Reboleira, nº55.
Acreditais que esta casa tem 50 divisões, entre quartos para os senhores, quartos para os meninos, quartos para a criadagem, estábulos para os animais e algumas salas de estar e mais algumas para cear.
Falando em ceia,vou descrever-vos como era composto este tão banquete.
O rei D. João I ordenou que lhe trouxessem o melhor vinho que, jamais fora produzido em Portugal desde a conquista dos Algarves e o referido vinho foi produzido em 1385.
Quem diria! O ano em que o bravo povo Lusitano derrotou os inimigos castelhanos e el-rei d.João I subiu ao trono.
Mas não falando mais em guerras e batalhas, pois tenho a certeza que nada disso vos interessa.
O banquete era composto por vaca picada em seco com cogumelos e este prato era muito apreciado, mas era muito caro e pouco acessível, porque os cogumelos cresciam numa floresta que ficava para além das montanhas de entre Douro e Minho.
Havia ainda a tão afamada galinha cozida e ensopada que era feita por uma das melhores cozinheiras portuguesas, D. Brites Sampaio, que era a cozinheira do falecido rei D. Fernando, o Inconstante.
O banquete também era composto pela famosa lampreia que era pescada no Rio Minho, havia ainda a pescada cozida com queijo e presunto, mais as sardinhas recheadas com manteiga e mel.
A acompanhar os pratos de carne e de peixe havia as saladas feitas com couves, alface, pepino, rabanete, cogumelos e cenouras.
Os pratos eram temperados com azeite, manteiga e talvez com salsa, porque esta só se encontrava numa floresta que fazia parte dos domínios da temível Morgana.
Mas, porque esperais mais e espero que toda esta descrição vos tenha agradado e por isso aqui vai a descrição da tão falada sobremesa, tigeladas de leite feitas no convento dos franciscanos em Famalicão, uma pequena aldeia situada perto do Porto.
Também foram encomendados o tão falado pão de ló de Óbidos, os talos de alface de Bragança e mais os pastéis feitos no Convento de Santa Clara, situado em Coimbra.
As bebidas eram variadas, desde a cerveja passando pelo vinho e finalmente pelo famoso hidromel.
Os divertimentos, esses passavam pela recitação de poemas à moda provençal até ao espectáculo com os bobos.
Passados 5 minutos, a rainha D.Filipa entrava em trabalho de parto e dava à luz a princesa D. Mariana de Lencastre e Avis, que anos mais tarde se viria a tornar rainha de Espanha.
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