sábado, 13 de dezembro de 2008

Manuel de Oliveira



Manoel de Oliveira

Nascimento 11 de Dezembro de 1908 (100 anos)
Porto, Portugal
Nacionalidade Portuguesa
Ocupação cineasta
Manoel Cândido Pinto de Oliveira (Porto, 11 de Dezembro de 1908)[1] é um cineasta português, que actualmente (2008) é o realizador activo mais idoso do mundo, com trinta e duas longas-metragens.


Biografia

Manoel de Oliveira é originário de uma família da média-alta burguesia, com antepassados fidalgos, facto que muito influenciaria o teor e as temáticas da sua futura obra cinematográfica.
O seu pai, Francisco José de Oliveira, foi o primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal.
Estudou no colégio de jesuítas de A Guarda (Galiza). Na juventude dedicou-se ao atletismo e, mais tarde, ao automobilismo e à vida boémia.
Aos vinte anos ingressou na escola de actores de Rino Lupo, cineasta italiano radicado no Porto, um dos pioneiros do cinema português de ficção.

Quando viu o documentário vanguardista Berlim, Sinfonia de uma Cidade de Walther Ruttmann, ficou muito impressionado e decidiu fazer um filme inspirado naquele sobre a cidade do Porto, um documentário de curta metragem sobre a actividade fluvial na Ribeira do Douro: Douro, Faina Fluvial (1931).
O filme suscitou a admiração da crítica estrangeira e o desagrado do público nacional.
Seria o primeiro documentário de muitos que abordariam, de um ponto de vista etnográfico, o tema da vida marítima da costa de Portugal: o Douro (Oliveira), a Nazaré (Nazaré, Praia de Pescadores, Leitão de Barros), o Algarve (Almadraba Atuneira, António Campos), o Tejo (Avieiros, Ricardo Costa).

Adquiriu entretanto alguma formação técnica nos estúdios alemães da Kodak e, mantendo o gosto pela representação, participou como actor no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo.
Só mais tarde, em 1942, se aventuraria na ficção como realizador: Aniki-Bobó, um enternecedor retrato da infância no cru ambiente neo-realista da Ribeira do Porto.
O filme foi um fracasso comercial e só com o tempo iria dar que falar. Oliveira decidiu, talvez por isso, abandonar outros projectos de filmes e envolveu-se nos negócios da família.
Não perdeu porém a paixão pelo cinema e em 1956 voltou, com O Pintor e a Cidade.

Em 1963, O Acto da Primavera (segunda docuficção portuguesa) marcou uma nova fase do seu percurso. Com este filme, praticamente ao mesmo tempo que António Campos, iniciou Oliveira em Portugal, a prática da antropologia visual no cinema.
Prática essa que seria amplamente explorada por cineastas como João César Monteiro, na ficção, como António Reis, Ricardo Costa e Pedro Costa, no documentário.
O Acto da Primavera e A Caça são obras marcantes na carreira de Manoel de Oliveira. O primeiro filme é representativo enquanto incursão no documentário, trabalhado com técnicas de encenação, o segundo como ficção pura em que a encenação não se esquiva ao gosto do documentário.

A obra cinematográfica de Manoel de Oliveira, até então interrompida por pausas e projectos não-realizados, só a partir da sua futura longa metragem (O Passado e o Presente - 1971) prosseguiria sem quebras nem sobressaltos, por uns trinta anos, até ao final do século.
A teatralidade imanente de O Acto da Primavera, contaminando esta sua segunda ficção, afirmar-se-ia como estilo pessoal, como forma de expressão que Oliveira achou por bem explorar nos seus filmes seguintes, apoiado por reflexões teóricas de amigos e conhecidos comentadores.

A tetralogia dos amores frustrados seria o palco por excelência de toda essa longa experimentação.
O palco seria o plateau, em que o filme falado, em «indizíveis» tiradas teatrais, se tornariam a alma de um cinema puro só por ter o teatro como referência, como origem e fundamento.
Eram assim ditos os amores, ditos eram os seus motivos e ditos ficaram os argumentos de quem nisso viu toda a originalidade do mestre invicto: dito e escrito, com muito peso, sem nenhuma emoção, mas sempre com muito sentimento.

Manoel de Oliveira insiste em dizer que só cria filmes pelo gozo de os fazer, independente da reacção dos críticos.
Apesar dos múltiplos condecorações em festivais tais como o Festival de Cannes, Festival de Veneza, Festival de Montreal e outros bem conhecidos, leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta.

Os seus actores preferidos que entram regularmente nos seus filmes são Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira e Diogo Dória.


Prémios e galardões

É professor honorário da Academia de Cinema de Skopje
Recebeu em 2008 o Prémio Mundial do Humanismo

Filmografia

Longas-metragens

2009 - Singularidades de uma Rapariga Loura (em rodagem)
2007 - Cristóvão Colombo – O Enigma
2006 - Belle Toujours
2005 - Espelho Mágico
2004 - O Quinto Império - Ontem Como Hoje
2003 - Um Filme Falado
2002 - O Princípio da Incerteza
2001 - Vou para Casa
2000 - Palavra e Utopia
1999 - A Carta
1998 - Inquietude
1997 - Viagem ao Princípio do Mundo
1996 - Party
1995 - O Convento
1994 - A Caixa
1993 - Vale Abraão
1992 - O Dia do Desespero
1991 - A Divina Comédia
1990 - Non, ou a Vã Glória de Mandar
1988 - Os Canibais
1986 - O Meu Caso
1985 - Le Soulier de Satin
1981 - Francisca
1979 - Amor de Perdição (filme)
1974 - Benilde ou a Virgem Mãe
1972 - O Passado e o Presente
1963 - Acto da Primavera (docuficção)
1942 - Aniki-Bobó

Curtas e médias metragens

2001 - Porto da Minha Infância
1985 - Simpósio Internacional de Escultura em Pedra - Porto
1983 - Lisboa Cultural
1983 - Nice - a propos de Jean Vigo
1982 - Visita ou Memórias e Confissões
1966 - O Pão (documentário)
1965 - As Pinturas do meu irmão Júlio (documentário)
1964 - A Caça
1956 - O Pintor e a Cidade
1941 - Famalicão (filme)
1938 - Já se Fabricam Automóveis em Portugal
1938 - Miramar, Praia das Rosas
1932 - Estátuas de Lisboa
1931 - Douro, Faina Fluvial

Como actor
1994 - Lisbon Story, de Wim Wenders
1980 - Conversa Acabada, de João Botelho
1933 - A Canção de Lisboa, de Cotinelli Telmo
1928 - Fátima Milagrosa, de Rino Lupo

Como supervisor

1970 - Sever do Vouga... Uma Experiência, de Paulo Rocha
1966 - A Propósito da Inauguração de Uma Estátua - Porto 1100 Anos, de Artur Moura, Albino Baganha e António Lopes Fernandes.

in www.wikipedia.pt

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