domingo, 30 de novembro de 2008

sábado, 29 de novembro de 2008

Na Escola eb 2/3 de Jovim - Gondomar: Aluno agride professora




Artemisa Coimbra, professora de Inglês na EB 2/3 de Jovim, em Gondomar, foi ontem agredida a murro por um aluno de 16 anos que frequenta o 9º ano dos Cursos de Educação e Formação.
Teve de ser transportada para o Hospital S. João, no Porto, tendo sido tratada na pequena cirurgia. À saída da Urgência ainda eram visíveis as marcas da agressão no olho.
O incidente ocorreu às 13h40, quando a professora saiu da sala dos professores rumo à aula.
"Fui surpreendida pelo aluno a correr na minha direcção e a chamar-me de todos os nomes possíveis. Depois deu-me murros na cara", disse ao CM, Artemisa Coimbra, que é também responsável pelo Observatório de Mulheres Assassinadas, uma organização que combate a violência doméstica.
O incidente ocorreu depois de a docente ter levado o agressor ao Conselho Executivo, por este estar a dizer palavrões no interior da escola.

João Carlos Malta

in www.correiomanha.pt

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Descrição dos xungas (texto humoristico)


1. Descrição física de um Mitra

Mitra (feminino)
Calçado:
- Nike airmax...
- Tenis da Puma, Nike, Reebok, Adidas ou uma marca de desporto conhecida...
- Por vezes também usam sapatinhos de vela... (imitadoras do c**o - sapatinhos de vela sempre foi coisa de betinhos)

Calças:
- Calças de fato de treino por dentro das meias do Pikachu...
- Calças de ganga clara por vezes também dentro das meias...
- Calças brancas ou de outra cor clara de tecido justas ao cu!

Camisolas:
- Tops praticamente a mostrar as mamas, de cores claras...
- Camisolas de marcas tipo: Nike, Adidas, Puma, Lacoste, Reebok...

Bujigangas e afins:
- Terço ao pescoço
- KILOS DE OURO!!! (orelhas de cima a baixo, umbigo, no lábio, uns 5 fios de ouro, uns 3 aneis em cada dedo...)
- Bolsinha da Lacoste de usar à cintura (por vezes usada no pescoço... -.-)
- Entrelaçam os dedos de uma forma estranha...
Cabelo:
- Apanhado com um elastico grosso, com gel...
- Trançado

Mitras (masculino):
É basicamente o mesmo que as mitras só que não usam tops e o cabelo é curto e por vezes com desenhos tribais. Também costumam usar um cap bue "basofe". xD

2. Descrição psicológica de um Mitra

- Um mitra nunca admite que é mitra...
- Andam sempre com um grupo de 92398479057809375468486 gajos atrás...
- Pensam que são assassinos...
- Normalmente ouvem hip-hop tuga, kizombas e kuduros...
- Têm a mania que sabem falar criolo: "Owax =) bm hje vou puxtar xta fotynha ... euh kuh mynha uxinhuh ky nha manuh myh deu xD (koyxax dyh putux xD) ... bm exe dyah foyh mm xbem xD..." tradução: "Olá =) Bem hoje vou postar esta fotinha... Eu com o meu ursinho que o meu mano me deu xD (coisas de putos XD)... Bem esse dia foi mesmo bacano xD... (OMFG!!! O.o)
- Gostam de parecer que são respeitados por todos e são muita maus!!!
- Normalmente odeiam betos...
- 99,9% fumam ganza =D

Para mim os chungas são um bocado exagerados... Pseudos mesmo... Não precisam de se por tão a parte da sociedade e tentar serem Serial Killers e Traficantes de droga do pior...
E também não precisam de andar a mostrar a navalha a toda a gente nem a pistola... São um bocado para o revoltados.
Mas ao menos construíram o seu próprio estilo. ???

informação retirada de um blog.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Música: Portuguesa recordista na net prepara espectáculos e CD - Jovem Mia Rose quer êxito real


Esteve dois anos confinada à internet, onde as suas actuações somaram êxitos atrás de êxitos, mas agora, perante a suspeita de que não tinha existência real, resolveu aparecer.
Mia Rose, nome artístico de Maria Antónia Rosa, detém 71 milhões de visitas no YouTube (é a quarta mais vista de sempre), é nº 1 no Reino Unido e quer agora somar ao sucesso virtual o êxito real.
Para tal, a jovem anunciou ontem em Lisboa que vai editar um álbum em 2009 e fazer concertos.
O salto que esta portuguesa nascida há vinte anos na Grã-Bretanha pretende dar envolve "uma estratégia planetária", revelou Francisco Penim, da Cherry Entertainment (CE).
Bonita, expressando-se em português e inglês, Mia continuará a actuar a solo, mas terá, também, "uma banda de suporte", anunciou Pedro Costa, da CE.
Para esta filha de pais portugueses, que gosta de música portuguesa, destacando "fado, Rui Veloso, Jorge Palma e Xutos & Pontapés", a Grã-Bretanha e os EUA não resumem a sua experiência internacional.
"Fui convidada pela rainha da Jordânia [Rania] e fiz lá uma música, com um cantor local. Ela é uma fã minha", contou a jovem.

In www.correiomanha.pt

terça-feira, 25 de novembro de 2008

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

One - U2


Is it getting better
Or do you feel the same?
Will it make it easier on you now?
You got someone to blame

You say one love, one life
It's one need in the night
One love, we get to share it
Leaves you baby, if you don't care for it.

Did I disappoint you
Or leave a bad taste in your mouth?
You act like you never had love
And you want me to go without

Well, it's too late, tonight,
To drag the past out into the light
We're one, but we're not the same
We get to carry each other, carry each other
One

Have you come here for forgiveness?
Have you come to raise the dead?
Have you come here to play Jesus
To the lepers in your head?

Did I ask too much, more than a lot?
You gave me nothing, now it's all I got
We're one, but we're not the same.
Well, we hurt each other, then we do it again.

You say:
Love is a temple, love a higher law
Love is a temple, love the higher law
You ask me to enter, but then you make me crawl
And I can't be holding on to what you got
When all you got is hurt.

One love, one blood
One life you got to do what you should.
One life with each other: sisters, brothers.
One life, but we're not the same.
We get to carry each other, carry each other.
One love! One!



Composição: Bono Vox

domingo, 23 de novembro de 2008

Ideologias Políticas



Actualmente, já não há uma forte divisão entre o que se considera Direita e o que se considera Esquerda, porque ambas se interligam entre si, devido à globalização, e outros factores de ordem global.
Mas, por vezes podem ser contraditórias e com grandes conflitualidades entre si, mas na minha opinião é tudo isto que contribui para o debate das ideias e das ideologias.
Normalmente as pessoas falam dos crimes que a extrema direita cometeu, mas não falam dos crimes que a extrema esquerda cometeu.
Na minha opinião, a convivência entre as várias ideologias políticas é fundamental para um melhor funcionamento da sociedade.

sábado, 22 de novembro de 2008

Anúncio Da Coca-Cola Light



Um dos reclames mais míticos dos anos 90.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sou um guardador de rebanhos



Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.


Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Fernando Pessoa



Fernando Pessoa

É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa, e o seu valor é comparado ao de Camões.
O crítico literário Harold Bloom considerou-o, ao lado de Pablo Neruda, o mais representativo poeta do século XX.
Por ter vivido a maior parte de sua juventude na África do Sul, a língua inglesa também possui destaque em sua vida, com Pessoa traduzindo, escrevendo, trabalhando e estudando no idioma.
Teve uma vida discreta, em que atuou no jornalismo, na publicidade, no comércio e, principalmente, na literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterónimos.
A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia.

Morreu de problemas hepáticos aos 47 anos na mesma cidade onde nasceu, tendo sua última frase sido escrita na língua inglesa, com toda a simplicidade que a liberdade poética sempre lhe concedeu: "I know not what tomorrow will bring... " ("Eu não sei o que o amanhã trará").

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus. >>>
Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925


Juventude em Durban

Largo de São Carlos.
Às três horas e vinte minutos da tarde de 13 de Junho de 1888 nascia em Lisboa, capital portuguesa, Fernando Pessoa.
O parto ocorreu no quarto andar esquerdo do nº 4do Largo de São Carlos, em frente da ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos).
De famílias da pequena aristocracia, pelo lado paterno e materno, o seu pai era funcionário público do Ministério da Justiça e crítico musical do «Diário de Notícias», Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa; e a sua mãe D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural da Ilha Terceira (Açores).
Viviam com eles a avó Dionísia, doente mental e duas velhas criadas, Joana e Emília.

É baptizado em 21 de Julho na Igreja dos Mártires, no Chiado.
Os padrinhos são a sua Tia Anica (D. Ana Luísa Pinheiro Nogueira, sua tia materna) e o General Chaby.
A razão por detrás do nome Fernando António encontra-se relacionada com Santo António: a sua família reclamava uma ligação genealógica com Fernando de Bulhões, nome de baptismo de Santo António, cujo dia tradicionalmente consagrado em Lisboa é 13 de Junho, dia em que Fernando Pessoa nasceu.

A sua infância e adolescência foram marcadas por factos que o influenciariam posteriormente.
Às cinco horas da manhã de 24 de Julho de 1893, o seu pai morre com 43 anos vítima de tuberculose.
A morte é reportada no Diário de Notícias do dia. Joaquim de Seabra Pessoa deixou-o com apenas cinco anos, a mãe e o seu irmão Jorge que viria a falecer no outro ano sem chegar a completar um ano.
A mãe então vê-se obrigada a leiloar parte da mobília e mudam-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal.
É também nesse período que surge o seu primeiro heterónimo, Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935 em que fala extensamente sobre a origem dos heterónimos.
Ainda no mesmo ano cria seu primeiro poema, um verso curto com a infantil epígrafe de À Minha Querida Mamã.
A sua mãe casa-se pela segunda vez em 1895 por procuração, na Igreja de São Mamede em Lisboa, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban (África do Sul), o qual havia conhecido um ano antes.
Em África, Pessoa viria a demonstrar possuir desde cedo habilidades para a literatura.


Por causa do casamento, muda-se com a mãe e um tio-avô, Manuel Gualdino da Cunha, para Durban, onde passa a maior parte da sua juventude.
Viajam no navio Funchal até à Madeira e depois no paquete Inglês Hawarden Castle até ao Cabo da Boa Esperança.
Tendo que dividir a atenção da mãe com os filhos do casamento e com o padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe propiciava momentos de reflexão.
Em Durban recebe uma educação britânica, o que lhe proporciona um profundo contacto com a língua inglesa. Os seus primeiros textos e estudos são feitos em inglês. Mantém contato com a literatura inglesa através de autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred Tennyson, entre outros.
O inglês teve grande destaque na sua vida, trabalhando com o idioma quando, mais tarde, se torna correspondente comercial em Lisboa, além de utilizar o idioma em alguns dos seus textos e traduzir trabalhos de poetas ingleses, como O Corvo e Annabel Lee de Edgar Allan Poe.
Com excepção de Mensagem, os únicos livros publicados em vida são os das colectâneas dos seus poemas ingleses: Antinous e 35 Sonnets e English Poems I - II e III, escritos entre 1918 e 1921.


Faz o curso primário na escola de freiras irlandesas da West Street, onde realiza a sua primeira comunhão e percorre em dois anos o equivalente a quatro.
Em 1899 ingressa na Durban High School, onde permanecerá durante três anos e será um dos primeiros alunos da turma, no mesmo ano cria o pseudónimo Alexander Search, no qual envia cartas a si mesmo utilizando esse nome.
No ano de 1901 é aprovado com distinção no seu primeiro exame da Cape Scholl High Examination, escreve os primeiros poemas em inglês.
Na mesma época morre sua irmã Madalena Henriqueta, de dois anos.
De férias, parte em 1901 com a família para Portugal. No navio em que viajam, o paquete König, vem o corpo da sua irmã falecida.
Em Lisboa mora com a família em Pedrouços e depois na Avenida de D. Carlos I, n.º. 109, 3º. Esquerdo.
Na capital portuguesa nasce João Maria, quarto filho do segundo casamento da mãe de Pessoa.
Viaja com o padrasto, a mãe e os irmãos à Ilha Terceira, nos Açores, onde vive a família materna.
Também partem para Tavira onde para visitar os parentes paternos. Nessa época escreve a poesia Quando ela passa.

Fernando Pessoa permanece em Lisboa enquanto todos regressam para Durban: a mãe, o padrasto, os irmãos e a criada Paciência que viera com eles.
Volta sozinho para a África no vapor Herzog.
Na mesma época, tenta escrever romances em inglês e matricula-se na Commercial School.
Lá estuda à noite enquanto de dia se ocupa com disciplinas humanísticas.
Em 1903, candidata-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança.
Na prova de exame para a admissão, não obtém uma boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o Queen Victoria Memorial Prize («Prémio Rainha Vitória»).
Um ano depois novamente ingressa na Durban High School onde frequenta o equivalente a um primeiro ano universitário, Aprofunda a sua cultura, lendo clássicos ingleses e latinos; escreve poesia e prosa em inglês e surgem os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher; nasce z sua irmã Maria Clara e publica o jornal do liceu um ensaio crítico intitulado Macaulay.
Por fim, encerra os seus bem sucedidos estudos na África do Sul após realizar na Universidade o «Intermediate Examination in Arts», adquirindo bons resultados.


Volta definitiva a Portugal e início de carreira

Deixando a família em Durban, regressou definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905.
Passa a viver com a avó Dionísia e as duas tias na Rua da Bela Vista, 17.
A mãe e o padrasto também retornam a Lisboa, durante um período de férias de um ano em que Pessoa volta a morar com eles.
Continua a produção de poemas em inglês e em 1906 matricula-se no Curso Superior de Letras (actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que abandona sem sequer completar o primeiro ano.
É nesta época que entra em contacto com importantes escritores de literatura da língua portuguesa. Interessa-se pela obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre António Vieira.

Em Agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança.
Com esse dinheiro, monta uma pequena tipografia, que rapidamente faliu, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de «Empresa Íbis — Tipografia Editora — Oficinas a Vapor».
A partir de 1908, dedica-se à tradução de correspondência comercial, um trabalho que poderíamos chamar de "correspondente estrangeiro".
Nessa profissão trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.

Inicia a sua actividade de ensaista e crítico literário com a publicação, em 1912, na revista «Águia», do artigo «A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada», a que se seguiriam outros.

Pessoa é internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, com diagnóstico de "cólica hepática" (provavelmente uma colangite aguda causada por cálculo biliar), falecendo de suas complicações, possivelmente associada a uma cirrose hepática provocada pelo óbvio excesso de álcool ao longo da sua vida (a título de curiosidade acredita-se que era muito fiel à aguardente "Águia Real"). No dia 30 de Novembro morre aos 47 anos. Nos últimos momentos da sua vida pede os óculos e clama pelos seus heterónimos.
A sua última frase é escrita no idioma no qual foi educado, o inglês: I know not what tomorrow will bring ("Eu não sei o que o amanhã trará").

Legado

Pode-se dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que, de tanto criar, criou outras vidas através de seus heterônimos, o que foi sua principal característica e motivo de interesse por sua pessoa, aparentemente tão pacata.
Alguns críticos questionam se Pessoa realmente teria transparecido seu verdadeiro eu, ou se tudo não tivesse passado de mais um produto de sua vasta criação.
Ao tratar de temas subjetivos e usar a heteronímia, Pessoa torna-se enigmático ao extremo.
Esse facto é o que move grande parte das pesquisas para estudar a sua obra.
O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa declara que Fernando Pessoa foi "o enigma em pessoa".
Escreveu desde sempre, com o seu primeiro poema aos sete anos e pondo-se a escrever até mesmo no leito de morte.
Importava-se com a intelectualidade do homem, e pode-se dizer que sua vida foi uma constante divulgação da língua portuguesa, visto que, nas próprias palavras do poeta, ditas pelo heterónimo Bernardo Soares, "minha pátria é a língua portuguesa". Ou então, através de um poema:

Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar
quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da
civilização e o alargamento da consciência da humanidade




Analogamente a Pompeu que disse que "navegar é preciso; viver não é preciso", Pessoa diz, no poema Navegar é Preciso, que "viver não é necessário; o que é necessário é criar".
Outra interpretação comum deste poema diz respeito ao fato de que a navegação foi resultado de uma atitude racionalista do mundo ocidental (a navegação exigiria precisão) enquanto a vida poderia dispensar tal precisão.

Sobre Fernando Pessoa, o poeta mexicano ganhador do Nobel de Literatura Octavio Paz diz que "os poetas não têm biografia.
A sua obra é sua biografia" e que, no caso do poeta português, "nada em sua vida é surpreendente — nada, exceto seus poemas".
O crítico literário norte-americano Harold Bloom considerou-o, no seu livro The Western Canon ("O Cânone Ocidental"), o mais representativo poeta do século XX, ao lado do chileno Pablo Neruda.

Na comemoração do centenário do seu nascimento em 1988, seu corpo foi transladado para o Mosteiro dos Jerónimos, confirmando o reconhecimento que não teve em vida.


Pessoa e o ocultismo

Fernando Pessoa possuía ligações com o ocultismo e o misticismo, salientando-se a Maçonaria e a Rosa-Cruz (embora não se conheça qualquer filiação concreta em Loja ou Fraternidade destas escolas de pensamento), havendo inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas, no Diário de Lisboa, de 4 de fevereiro de 1935, contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo.
O seu poema hermético mais conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se "No Túmulo de Christian Rosenkreutz".
Tinha o hábito de fazer consultas astrológicas para si mesmo (de acordo com a sua certidão de nascimento, nasceu às 15h20; tinha ascendente Escorpião e o Sol em Gémeos).
Realizou mais de mil horóscopos.

Certa vez, lendo uma publicação inglesa do famoso ocultista Aleister Crowley, Fernando encontrou erros no horóscopo e escreveu ao inglês para corrigi-lo, já que era um conhecedor e praticante da astrologia, conhecimentos estes que impressionaram Crowley e, como gostava de viagens, o fizeram ir até Portugal para conhecer o poeta. Junto com ele veio a maga alemã Miss Jaeger, que passou a escrever cartas a Fernando assinando com um pseudônimo ocultista.
O encontro não foi muito amigável, dados os graves desequilíbrios psíquico e espiritual que Crowley sofria e — apesar disso, ainda ensinava.
Pessoa e outros propuseram uma operação de desinformação na contra propaganda que se iniciava com a ascensão do nazismo na Europa, em que Crowley teria ajudado o MI5, serviço secreto britânico como agente especial .
Crowley junto com Louis de Wohl, nascido na Alemanha, um ocultista e supostamente como Pessoa um membro "Lantern" do The Seven Circle.
Pessoa considerava-se um ocultista e astrólogo amador, e aparentemente, além de traduzir obras de Crowley para o português, como o Hino a Pan, foi de alguma forma envolvido também por Crowley,que como agente duplo se utilizava de um acrônimo conhecido por Maskmelin, um mágico e mestre secreto da "The Seven Circle"[4], codename Secret Agent 777, uma clara referência baseada na Qabalística escrita pelo próprio Aleister Crowley,da sua colecção, editada e introduzida pelo Dr. Israel Regardie.
Ao que parece,junto com outros ocultistas infiltrados pela "The Seven Circle" , alguns deles como Wohl,ajudaram ao serviço secreto inglês na criação do plano de ocultismo,desenvolvendo horóscopos e diversos documentos falsos para ludibriar os nazis que se começavam a infiltrar por toda Europa .


Obra poética

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega fingir que é dor
A dor que deveras sente. >>>

Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra.
Os heterónimos, diferentemente dos pseudônimos, são personalidades poéticas completas: identidades, que, em princípio falsas, tornam-se verdadeiras através de sua manifestação artística própria e diversa do autor original.
Entre os heterónimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser chamado de ortónimo, já que era a personalidade original.
Entretanto, com o amadurecimento de cada uma das outras personalidades, o próprio ortônimo tornou-se apenas mais um heterônimo entre os outros.
Os três heterónimos mais conhecidos (e também aqueles com maior obra poética) foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.
Um quarto heterônimo de grande importância na obra de Pessoa é Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX.
Bernardo é considerado um semi-heterónimo por ter muitas semelhanças com Fernando Pessoa e não possuir uma personalidade muito característica.
Ao contrário dos três, que possuem até mesmo data de nascimento e morte, com excepção de Ricardo Reis que não possui data de falecimento.
Por essa razão, o português que ganhou o Prémio Nobel, José Saramago escreveu o livro O ano da morte de Ricardo Reis.

Através dos heterônimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade.
Este último fator, possui grande notabilidade na famosa misteriosidade do poeta.

Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou quando menos, os seus companheiros de espírito?

Entre pseudónimos, heterónimos e semi-heterónimos, contam-se 72 nomes[4].

Ortónimo

A obra ortónima de Pessoa passou por diferentes fases, mas envolve basicamente a procura de um certo patriotismo perdido, através de uma atitude sebastianista reinventada.
O ortónimo foi profundamente influenciado, em vários momentos, por doutrinas religiosas como a teosofia e sociedades secretas como a Maçonaria.
A poesia resultante tem um certo ar mítico, heróico (quase épico, mas não na acepção original do termo), e por vezes trágico.
É um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da vida.
É precisamente nesta tentativa de olhar o mundo duma forma múltipla (com um forte substrato de filosofia racionalista e mesmo de influência oriental) que reside uma explicação plausível para ter criado os célebres heterónimos - Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, sem contarmos ainda com o semi-heterónimo Bernardo Soares.

A principal obra de "Pessoa ele-mesmo" (o ortónimo) é Mensagem, uma colectânea de poemas sobre os grandes personagens históricos portugueses.
O livro foi, também, o único a ser publicado enquanto foi vivo.

O ortónimo é considerado, só por si, como simbolista e modernista pela evanescência, indefinição e insatisfação, e pela inovação praticada por entre diversas sendas de formulação do discurso poético (sensacionismo, paulismo, interseccionismo, etc.).


Heterónimos
Álvaro de Campos

Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo de sua obra.
Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo.

Começa sua trajectória como um decadentista (influenciado pelo Simbolismo), mas logo adere ao Futurismo.
Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista, expressa naquele que é considerado um dos poemas mais conhecidos e influentes da língua portuguesa, Tabacaria.


Ricardo Reis
O heterónimo Ricardo Reis é descrito como sendo um médico que se definia como latinista e monárquico.
De certa maneira, simboliza a herança clássica na literatura ocidental, expressa na simetria, harmonia, um certo bucolismo, com elementos epicuristas e estóicos.
O fim inexorável de todos os seres vivos é uma constante em sua obra, clássica, depurada e disciplinada.
Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em protesto à proclamação da República em Portugal e não se sabe o ano de sua morte.
José Saramago, em O ano da morte de Ricardo Reis continua, numa perspectiva pessoal, o universo deste heterónimo, após a morte de Fernando Pessoa, cujo fantasma estabelece um diálogo com o seu heterónimo, sobrevivente ao criador.


Alberto Caeiro

Caeiro, por seu lado, nascido em Lisboa teria vivido quase toda a vida como camponês, quase sem estudos formais, teve apenas a instrução primária, mas é considerado o mestre entre os heterônimos (pelo ortônimo, inclusive).
Morreram-lhe o pai e a mãe, e ele deixou-se ficar em casa com uma tia-avó, vivendo de modestos rendimentos. Morreu de tuberculose.
Também é conhecido como o poeta-filósofo, mas rejeitava este título e pregava uma "não-filosofia".
Acreditava que os seres simplesmente são, e nada mais: irritava-se com a metafísica e qualquer tipo de simbologia para a vida.

Dos principais heterónimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi o único a não escrever em prosa. Alegava que somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.

Possuía uma linguagem estética direta, concreta e simples, mas ainda assim, bastante complexa do ponto de vista reflexivo.
O seu ideário resume-se no verso Há metafísica bastante em não pensar em nada. Sua obra está agrupada na colectânea Poemas Completos de Alberto Caeiro.

in www.wikipedia.pt

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Poema do Menino Jesus




Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Famoso chef “assustado” com mais recentes números e previsões - Jamie Oliver: o “ministro da comida” luta contra a obesidade



O que é que faz um chef de 33 anos, cabelo louro despenteado e cara de surfista atrevido, no meio dos deputados britânicos em Westminster?
Não, Jamie Oliver não está a pensar lançar-se na política - é o próprio que o garante, numa entrevista ao P2.
Quer apenas salvar os ingleses daquilo que vê como uma das maiores ameaças à saúde pública das últimas décadas: a obesidade.
E o que foi dizer aos deputados é que sabe o que está na origem do aumento de peso de tanta gente.
O problema é, simplesmente, não saberem cozinhar.

"Não estou interessado em ser político. O que me interessa é a comida. É aquilo que eu conheço e é nisso que sou bom", responde, numa conversa por e-mail.
"Estou a fazer esta campanha simplesmente porque quero melhorar a forma como as pessoas comem".

Jamie não é um chef qualquer.
Tornou-se, nos últimos anos, uma figura influente junto do Governo britânico - primeiro com a campanha para mudar as ementas dos almoços escolares, e agora com a tentativa, mais ambiciosa, de ensinar todos os britânicos a cozinhar.
Não foi pelos seus dotes culinários que mereceu honras de protagonista na secção Man in the News do “Financial Times”.
Foi porque, através da comida, quer mudar a sociedade.

Não é um acaso que o seu mais recente programa (já não tão recente como isso, porque entretanto começou a preparar um novo em que vai percorrer a América e descobrir a sua culinária, como já fez antes com a Itália) tenha o sugestivo nome de Ministry of Food - uma referência ao Ministério da Comida criado durante a II Guerra Mundial para ajudar as famílias britânicas a comer o melhor possível, apesar do racionamento de comida.

Desta vez, Jamie encaminhou-se - com toda a sua "máquina", câmaras, microfones, produtores, e todo o Carnaval que rodeia a gravação de um programa de televisão - para Rotherham, em South Yorkshire, e procurou um grupo de pessoas que não soubesse cozinhar nada. Não foi difícil.
Natasha, por exemplo, tornou-se imediatamente uma figura icónica do programa quando Jamie a mostrou a alimentar a filha de cinco anos com junk food, sentada no chão, todos os dias, apesar da criança estar a ficar com os dentes podres.

Mas, antes disso, Jamie procurou uma aliada muito importante (e outra figura inegavelmente mediática), uma mulher grande, de cabelo curto e loiro, e imensa energia, que ficou conhecida como "burger mum", e que foi uma das mães que, durante a campanha de Jamie para almoços escolares mais saudáveis, "empurrava hambúrgueres pelas grades da escola", segundo a descrição, muito visual, da imprensa britânica.

A "mãe hambúrguer"

Com a "burger mum" totalmente convertida à sua causa e ao seu charme de rapaz do povo, que cresceu e se apaixonou pela cozinha no pub The Cricketers, que os pais tinham em Essex, na "zona pouco glamorosa" a norte de Londres (a definição é do Financial Times), Jamie lançou-se então na tarefa de ensinar Natasha, um mineiro e mais alguns habitantes de Rotherham a cozinhar.

A ideia é simples, e baseia-se no esquema da pirâmide: cada oito pessoas que aprenderem a cozinhar ensinam outras oito, e, naquilo a que Jamie chamou Pass it on, passam receitas às outras, até todos serem cozinheiros de uma qualidade pelo menos sofrível.
O chef conseguiu pôr o mineiro, no meio de um estádio de futebol, a ensinar a outros dois homens uma receita que incluía um peito de frango, queijo, presunto e espargos. Também ensinou Natasha a cozinhar para a filha e ajudou Claire, que comia apenas batatas fritas e barras de chocolate e, acreditem ou não, não sabia sequer ferver água, a dominar os rudimentos da cozinha.
Além disso, abriu em Rotherham o primeiro do que espera que venham a ser (com futuro financiamento governamental) muitos centros alimentares, à semelhança dos criados pelo Ministério da Comida na II Guerra.
Trata-se de um local onde as pessoas podem ir aprender os princípios básicos da cozinha, pedir receitas, comprar ingredientes e, sobretudo, perceber como se pode comer bem quando o dinheiro é pouco.

Mas as críticas surgiram rapidamente.
O chef foi acusado de ter humilhado as pessoas de Rotherham, que foram mostradas ao país inteiro, e vão sê-lo ao mundo, quando o programa começar a ser transmitido noutros países (em Portugal os programas de Jamie Oliver têm passado na SIC Mulher) como incapazes de alimentar os próprios filhos.

E no estádio local, os fãs de futebol chamaram-lhe "sacana gordo", embora, como explica o Financial Times, "o incidente tenha permitido aos produtores do programa passar a ideia de que a cruzada de Jamie ia falhar", aumentando assim o suspense.

Jamie não se deixa impressionar com as críticas.
"Foram muito poucas as pessoas que se queixaram", diz ao P2, "e a maioria das que o fizeram mudaram de ideias ao fim de duas semanas. Os maiores protestos vieram de um político local, mas que era uma figura com pouco poder. Acho que basicamente ele queria aparecer nos jornais".

Uma das acusações era a de que a Câmara de Rotherham tinha entrado com dinheiro para o projecto, financiando assim, mesmo que indirectamente, o programa de televisão e toda a promoção em torno de Jamie, quando este tem dinheiro mais do que suficiente para o fazer. Ele nega veementemente: "Está a fazer confusão. O centro do Ministério da Comida em Rotherham foi essencialmente pago por mim, e agora que a câmara vê que está a ajudar a comunidade local, vai subsidiá-lo durante o próximo ano".
Mas, sublinha, "não há qualquer dinheiro público usado para fazer o programa de televisão".

Um ministro a sério?

Criado o centro em Rotherham e terminado o programa de televisão (mas não o projecto, que o chef quer alargar a todo o país), Jamie partiu para Westminster para explicar a sua tese aos deputados.
A obesidade tornou-se uma epidemia que já não é só um problema de classe, porque, diz, pela primeira vez na história, há um enorme número de pessoas, de todos os níveis sociais, que não sabe cozinhar. O problema não é o dinheiro, frisou, mas "a falta de conhecimento".

É preciso que as escolas ensinem as crianças a cozinhar (o tema já faz parte do currículo das escolas britânicas para jovens entre os 11 e os 14 anos, mas Jamie acha importante que se comece na primária) para combater a "incrivelmente profunda" crise provocada pela má nutrição.
Além disso, é preciso conter a indústria da “fast food “que leva as pessoas a comer de forma pouco saudável.

"Porque é que não existe um Ministério da Alimentação?", perguntou Jamie aos deputados. "Porque é que não temos uma pessoa que lidere isto durante os próximos dez anos?". Voltou, no entanto, a garantir que não estava a falar de si próprio - embora se tenha mostrado disponível para ajudar o Governo a encontrar um "czar da comida".

Os mais recentes números e previsões sobre a obesidade deixam-no "assustado", confessa ao P2. "No Reino Unido, o Serviço Nacional de Saúde já gasta mais dinheiro a tratar pessoas com doenças relacionadas com a alimentação do que com doenças provocadas pelo tabaco. Este é um problema que se está a agravar".

Um dos pontos em que mais insistiu com os deputados foi o de que esta não é uma epidemia das classes baixas. "Há muitos rapazes da City [o centro financeiro de Londres] que ganham - bem, costumavam ganhar - muito dinheiro, e que não sabem alimentar os filhos, nem com um cartão gold".

O que o choca é ver "uma geração de jovens pais" que não sabe cozinhar. "Neste que é o quinto país mais rico do mundo... há uma pobreza como nunca vi antes. Não tem a ver com ténis novos, telemóveis ou ecrãs de plasma - eles têm isso tudo. É a pobreza de serem incapazes de alimentar a família".

Será este um problema mais grave na Grã-Bretanha do que noutros países europeus? Será a relação dos britânicos com a comida diferente, por exemplo, da dos italianos ou dos portugueses? "Não acho que seja só um problema britânico, embora perceba o que quer dizer", responde Jamie ao P2. "Só posso dizer que as pessoas que conheci no programa gostavam de ter aprendido a cozinhar, mas nunca ninguém lhes deu a informação necessária, e por isso sentem-se perdidas. Não é culpa delas. Historicamente, há uma grande tradição britânica de cozinha caseira, mas isso foi-se perdendo nas duas últimas gerações".

Não é o caso dele. Jamie cresceu rodeado por comida, enquanto ajudava no pub dos pais, e aos 16 anos deixou a escola para estudar catering.
Foi trabalhar no restaurante Neal Street, de Antony Carluccio, mas só mais tarde, quando já tinha passado para o River Café, é que foi descoberto como potencial estrela de televisão.
Quem decidiu apostar nele não se enganou. Com The Naked Chef (1998) tornou-se um sucesso imediato e criou um estilo - ir ao mercado comprar ingredientes frescos e cozinhar para os amigos passou a ser cool.

O império Jamie

O estilo tornou-se uma marca - o seu site mostra bem como Jamie é hoje um império. Existe, por exemplo, uma Jme Shop, onde os fãs podem comprar ingredientes e acessórios de cozinha da linha Jme. E, claro, os livros: já se venderam 14 milhões em 54 países, entre os quais Portugal, onde sai este mês Jamie Oliver Regressa à Cozinha (a editora Civilização planeia editar o Ministry of Food, mas não este ano).

Mas o motor de tudo isto é a televisão.
Foi através dos programas que, em 2005, Jamie lançou a polémica dos menus escolares (que obrigou o Governo a investir na qualidade do que as crianças comem nas escolas); foi em directo na televisão que abriu o seu restaurante Fifteen, onde pôs a trabalhar quinze jovens desempregados, que passaram a ter uma carreira como chefs; e, finalmente, foi em frente às câmaras que ensinou à população de Rotherham - e da Grã-Bretanha - os princípios básicos da culinária.

Tudo isto no seu estilo terra-a-terra de rapaz do Essex que, quando era pequeno, no pub dos pais, já usava "uma faca mais comprida do que o braço", como contou uma vez. "Eu preparava os vegetais, limpava, tratava das casas de banho, servia bebidas. Nunca descansava aos sábados. O meu pai costumava dizer: 'As pessoas morrem na cama'".

Não se espere, por isso, que Jamie seja o chef sofisticado que vai ensinar às classes altas como um discreto toque de ervas aromáticas pode acrescentar um delicado aroma a um prato.
Não é isso que está em causa aqui. Jamie gosta de enfiar as mãos na massa, e de expressar ruidosamente as suas emoções - foi, aliás, criticado pela quantidade de vezes que disse fucking no Ministério da Comida, para manifestar a sua indignação.

É um estilo.
Há quem goste e quem não goste.
Ele explica: "Costumo dizer que sou como a Marmite (não tenho a certeza de que exista Marmite em Portugal, mas é um creme que se espalha nas sanduíches e que tem um gosto muito característico): as pessoas adoram-me ou odeiam-me. Mas tenho esperança que o número das que me adoram seja um pouco maior".

- "Chefs" de renome voltam à escola para incentivar uma alimentação saudável

in www.publico.pt

domingo, 16 de novembro de 2008

sábado, 15 de novembro de 2008

Almeida Garrett



João Baptista da Silva Leitão e mais tarde visconde de Almeida Garrett, (Porto, 4 de Fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de Dezembro de 1854) foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, Par do Reino, ministro e secretário de Estado honorário português.
Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.


Biografia
Primeiros anos


João Baptista da Silva Leitão nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799.
Na adolescência foi viver para os Açores, na Ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde foi instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra.

Em 1816 seguiu para Coimbra, onde se matriculou no curso de Direito.
Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que lhe custou um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral.
E neste mesmo ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.


Presença nas lutas liberais
Participou da revolução liberal de 1820, seguindo para o exílio na Inglaterra em 1823,após a Vilafrancada.
Antes havia casado com Luísa Midosi, de apenas 14 anos.
Foi em Inglaterra que tomou contacto com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores e visitando castelos feudais e ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se reflectiriam na sua obra posterior.

Em 1824, seguiu para França, onde escreveu Camões (1825) e Dona Branca (1826), poemas geralmente considerados como as primeiras obras da literatura romântica em Portugal.
Em 1826 foi amnistiado e regressou à pátria com os últimos emigrados dedicando-se ao jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário O Português (1826-1827) e o semanário O Cronista (1827).

Teria de deixar Portugal novamente em 1828, com o regresso do Rei absolutista D. Miguel.
Ainda nesse ano perdeu a filha recém-nascida.
Novamente em Inglaterra, publica Adozinda (1828) e Catão (1828).

Juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833.


Vida política

A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se novamente em Portugal, após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios, onde lê Schiller, Goethe e Herder.
Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores nacionais.
Foram da sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte Dramática, da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal (actualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa).
Mais do que construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett afasta-se da vida política até 1852.
Contudo, em 1850 subscreveu, com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, mais conhecida por “lei das rolhas”.

Garrett sedutor
A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra.
Revolucionário nos anos 20 e 30, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo perfeito do dandy, ou janota, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos.
Foi um homem de muitos amores, uma espécie de homem fatal.
Separado da esposa, passa a viver em mancebia com D. Adelaide Pastor até à morte desta em 1841.

A partir de 1846, a sua musa é a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante, andaluza casada, desde 1837, com o oficial do exército português Joaquim António Velez Barreiros, inspiradora dos arroubos românticos das Folhas caídas.

Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal datado de 25 de Junho de 1851 Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett em vida (tendo o título sido posteriormente renovado por 2 vezes).
Em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta dos Negócios Estrangeiros em governo presidido pelo Duque de Saldanha.

Falece em 1854, vítima de cancro, em Lisboa, na sua casa situada na actual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique.


Obras

Teatro

Dá início ao seu projecto de regeneração do teatro português, levando à cena em 1838 Um Auto de Gil Vicente, pouco antes Filipa de Vilhena e, em 1842, O Alfageme de Santarém, todas sobre temas da história de Portugal.

Em 1844 é publicada a sua obra-prima, Frei Luís de Sousa, que um crítico alemão, Otto Antscherl, considerou a "obra mais brilhante que o teatro romântico produziu". Estas peças marcam uma viragem na literatura portuguesa não só na selecção dos temas, que privilegiam a história nacional em vez da antiguidade clássica, como sobretudo na liberdade da acção e na naturalidade dos diálogos.


Prosa
Em 1843, Garrett publica o Romanceiro e o Cancioneiro Geral, colectâneas de poesias populares portuguesas, e em 1845 o primeiro volume d'O Arco de Santana (o segundo apareceria em 1850), romance histórico inspirado por Notre Dame de Paris de Victor Hugo.
Esta obra seduz não só pela recriação do ambiente medieval do Porto, mas sobretudo pela qualidade da prosa, longe das convenções anteriores e muito mais próxima da linguagem falada.

A obra que se lhe seguiu deu expressão ainda mais vigorosa a estas tendências: Viagens na minha terra, livro híbrido em que impressões de viagem, de arte, paisagens e costumes se entrelaçam com uma novela romântica sobre factos contemporâneos do autor e ocorridos na proximidade dos lugares descritos (outra inovação para a época, em que predominava o romance histórico).
A naturalidade da narrativa disfarça a complexidade da estrutura desta obra, em que alternam e se entrecruzam situações discursivas, estilos, narradores e temas muito diversos.


Poesia
Na poesia, Garrett não foi menos inovador.
As duas coletâneas publicadas na última fase da sua vida (Flores sem fruto, de 1844, e sobretudo Folhas caídas, de 1853) introduziram uma espontaneidade e uma simplicidade praticamente desconhecidas na poesia portuguesa anterior.

Ao lado de poemas de exaltada expressão pessoal surgem pequenas obras-primas de singeleza ímpar como «Pescador da barca bela», próximas da poesia popular quando não das cantigas medievais.
A liberdade da metrificação, o vocabulário corrente, o ritmo e a pontuação carregados de subjectividade são as principais marcas destas obras.


Cronologia das obras

Primeiras edições ou representações
1819 Lucrécia
1821 O Retrato de Vénus; Catão (representação); Mérope (representação)
1822 O Toucador
1825 Camões
1826 Dona Branca
1828 Adozinda
1829 Lírica de João Mínimo; Da Educação (ensaio)
1830 Portugal na Balança da Europa (ensaio)
1838 Um Auto de Gil Vicente
1841 O Alfageme de Santarém (1842 segundo algumas fontes)
1843 Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomo 1; Frei Luís de Sousa (representação)
1845 O Arco de Sant'Ana - tomo 1; Flores sem fruto
1846 Viagens na minha terra; D. Filipa de Vilhena (inclui Falar Verdade a Mentir e Tio Simplício)
1848 As profecias do Bandarra; Um Noivado no Dafundo; A sobrinha do Marquês
1849 Memória Histórica de J. Xavier Mouzinho da Silveira
1850 O Arco de Sant'Ana - tomo 2;
1851 Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomos 2 e 3
1853 Folhas Caídas
1871 Discursos Parlamentares e Memórias Biográficas (antologia póstuma)

Publicações periódicas
1827 O cronista


Poemas

Hino Patriótico, poema. Porto, 1820
Ao corpo académico, poema. Coimbra 1821
Retrato de Vénus, poema Coimbra, 1821
Camões, poema. Paris, 1825
Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Paris, 1826 (pseud. de F. E.)
Adozinda, poema. Londres, 1828
Lyrica de João Mínimo. Londres, 1829
Miragaia, poesia. Lisboa, 1844
Flores sem Fruto, poesia. Lisboa, 1845
Os Exilados, À Senhora Rossi Caccia , poesia. Lisboa, 1845
Folhas Caídas, poesia. Rio de Janeiro e depois Lisboa,1853
Camões, poema. 4ª ed. revista, com estudo de Camilo Castelo Branco. Porto, 1854

Obras póstumas
Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Porto Alegre, 1859
Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Nova York, 1860
Bastardo do Fidalgo, poema. Porto, 1877
Odes Anacreônticas: Ilha Graciosa. Évora, 1903
A Anália, poesia inédita de Garrett. Lisboa 1932 (redac., Porto 1819)
Magriço ou Os Doze de Inglaterra, poema. Coimbra, 1948
Roubo das Sabinas, poemas libertinos I. Lisboa, 1968
Afonseida, ou Fundação do Império Lusitano, poema. Lisboa 1985 (pseud.: Josino Duriense, redac., Angra 1815-16)
Poesias Dispersas. Lisboa, 1985
Magriço e os Doze de Inglaterra, poema incompleto, Lisboa, 1914

Peças teatrais

Catão, tragédia. Coimbra, 1822
Catão, tragédia. Londres, 1830
Catão, tragédia. Rio de Janeiro, 1833
Mérope, tragédia. Lisboa, 1841
O Alfageme de Santarém ou A Espada do Condestável. Lisboa, 1842
Um Auto de Gil Vicente. Lisboa, 1842
Dona Filipa de Vilhena, comédia. Lisboa, 1846
Falar Verdade a Mentir, comédia. Lisboa 1846
Camões do Rossio, comédia. Lisboa, 1852 (co-autoria de Inácio Feijó)


Obras póstumas


Um noivado no Dafundo ou cada terra com seu uso cada roca com seu fuso: provérbio n'um acto. 1ª ed. Lisboa, 1857 (redac., Lisboa, 1847)
Átala, drama. Lisboa, 1914 (redac., Coimbra 1817),
Lucrécia, tragédia, Lisboa, 1914
Afonso de Albuquerque, tragédia; Lisboa, 1914
Sofonisba, tragédia; Lisboa, 1914
O Amor da Pátria, elogio dramático; Lisboa, 1914
La Lezione Agli Amanti, ópera bufa; Lisboa, 1914
Conde de Novion, comédia; Lisboa, 1914
Édipo em Colona, tragédia. Lisboa, 1952 (redac.: Porto 1820)
Ifigénia em Tauride, tragédia. Lisboa, 1952 (redac., Angra do Heroísmo 1816)
Falar Verdade a Mentir, comédia. Rio de Janeiro, 1858
As Profecias do Bandarra, comédia. Lisboa, 1877 (redac., Lisboa 1845)
Os Namorados Extravagantes, drama. Coimbra 1974 (redac., Sintra 1822)
Impronto de Sintra, comédia. Lisboa, Guimarães, Libanio, ???? (redac., Sintra, 1822)


Artigos, ensaios, biografias e folhetos


Proclamações Académicos, Coimbra, 1820, folhetos
O Dia Vinte e Quatro de Agosto, ensaio político. Lisboa, 1821, 53 p.
Aos Mortos no Campo da Honra de Madrid, folheto. Lisboa, Jornal da Sociedade Literária Patriótica, 1822
Da Europa e da América e de Sua Mútua Influência na Causa da Civilização e da Liberdade, ensaio político. Londres 1826
Da Educação. Londres, 1829
Portugal na Balança da Europa: do que tem sido e do que ora lhe convém ser na nova ordem de coisas do mundo civilizado, Londres, 1830
Relatório dos Decretos nº 22, 23 e 24 (Reorganização da Fazenda, Administração Pública e Justiça). Lisboa, 1832, folheto
Manifesto das Cortes Constituintes à Nação, folheto. Lisboa, 1837
Necrologia do Conselheiro Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato, Lisboa, 1838
Relatório ao Projecto de Lei sobre a Propriedade Literária e Artística, Lisboa, 1839
Memória Histórica do Conselheiro A. M. L. Vieira de Castro, Lisboa, 1843
Conselheiro J. B. de Almeida Garrett, autobiografia. Lisboa, 1844
Memória Historica da Duqueza de Palmella: D. Eugénia Francisca Xavier Telles da Gama, Lisboa, 1845
Memória Histórica do Conde de Avilez, 1ª ed., Lisboa, 1845
Da Poesia Popular em Portugal, ensaio literário. Lisboa, 1846
Sermão pregado na dedicação da capela de Nª Srª da Bonança, folheto, Lisboa, 1847
A Sobrinha do Marquês, Lisboa, 1848, 176 p.
Memória Histórica de J. Xavier Mousinho da Silveira, Lisboa, 1849
Necrologia de D.ª Maria Teresa Midosi, Lisboa, 1950
Protesto Contra a Proposta sobre a Liberdade de Imprensa, abaixo-assinado/folheto. Lisboa 1850 (subscrito, à cabeça, por Alexandre Herculano e mais cinquenta personalidades, contra o projecto de «lei das rolhas» apresentado pelo governo)

Obras póstumas
Discursos Parlamentares e Memorias Biographicas, Lisboa, Imprensa Nacional, 1871, 438, p.
Necrologia do Sr. Francisco Krus; Monumento ao Duque de Palmela, D. Pedro de Sousa Holstein, Lisboa, 1899 (redac., Lisboa, 1839);
Memórias Biográficas, Lisboa, Empreza da História de Portugal, 1904
Necrologia à Morte de D. Leocádia Teresa de Lima e Melo Falcão Vanzeler, Lisboa, 1904 (redac., Lisboa, 1848)
Apontamentos Biográficos do Visconde d'Almeida Garrett, autobiografia. Porto, 1916
Entremez dos Velhos Namorados que Ficaram Logrados, Bem Logrados, Lisboa, 1954 (redac., 1841)

Romances, cancioneiros e contos
Bosquejo da História da Poesia e da Língua Portuguesa, Paris, 1826
Lealdade, ou a Vitória da Terceira, canção. Londres, 1829
Romanceiro e Cancioneiro Geral, vol. I. Lisboa, 1843
O Arco de Sant'Ana, romance. Lisboa, na Imprensa Nacional, 1845, vol. 1
Viagens na Minha Terra, romance. Lisboa, Typ. Gazeta dos Tribunais, 1846, 2 v.
O Arco de Sant'Ana, romance. Lisboa, na Imprensa Nacional, 1850, vol. 2
Romanceiro e Cancioneiro Geral, vols. II e III, Lisboa 1851


Obras póstumas

Helena: fragmento de um romance inédito. Lisboa, 1871
Memórias de João Coradinho, aventuras picarescas. Lisboa, 1881 (redac., 1825)
Joaninha dos Olhos Verdes. Lisboa, 1941
Komurahi - História Brasileira, conto. 1956 (redac., 1825)
Cancioneiro de romances, xácaras e soláus e outros vestígios da antiga poesia nacional. Lisboa, 1987 (redac., 1824)

Cartas e diários
Carta de Guia para Eleitores, em Que se Trata da Opinião Pública, das Qualidades para Deputado e do Modo de as Conhecer, ensaio político. Lisboa, 1826
Carta de M. Cévola ao futuro editor do primeiro jornal liberal que em português se publicar, panfleto político. Londres, 1830 (pseud.: Múcio Cévola)
Carta sobre a origem da língua portuguesa, ensaio literário. Lisboa, 1844

Obras póstumas
Diário da minha viagem a Inglaterra, Lisboa 1881 (redac., Birmingham, 1823
Cartas a Agostinho José Freire, Lisboa, 1904, 132 p. (redac., Bruxelas, 1834)
Cartas Íntimas, edição revista, coordenada e dirigida por Teófilo Braga. Lisboa, Empresa da História de Portugal, 1904, 172 p.
Cartas de Amor à Viscondessa da Luz, Lisboa, 1955
Correspondência do Conservatório, Lisboa, 1995 (redac.: Lisboa 1836 – 1841)
Cartas de Amor à Viscondessa da Luz

Discursos
Oração Fúnebre de Manuel Fernandes Tomás, Lisboa, 1822
Parnaso Lusitano ou Poesias Selectas de Autores Antigos e Modernos, Paris, 1826-1827, 5 v.
Elogio Fúnebre de Carlos Infante de Lacerda, Barão de Sabrozo, Londres, 1830
Da formação da segunda Câmara das Côrtes: discursos pronunciados pelo deputado J. B. de Almeida Garrett nas sessões de 9 a 12 de Outubro de 1837, Lisboa, Imprensa Nacional, 1837
Discurso do Sr. Deputado pela Terceira J. B. de Almeida Garrett na discussão, Lisboa, 1840
Discurso do Sr. Deputado por Lisboa J. B. de Almeida Garrett, na discussão da Lei da Decima, Lisboa, 1841
Discussão da Resposta ao Discurso da Coroa, pronunciado na sessão de 8 de Fevereiro de 1840, Lisboa, 1840
Elogio Histórico do Sócio Barão da Ribeira de Saborosa, Lisboa, 1843
Parecer da Comissão sobre a Unidade Literária, Lisboa, 1846 (dito Parecer sobre a Neutralidade Literária, da Associação Protectora da Imprensa Portuguesa, assinado por Rodrigo da Fonseca Magalhães, Visconde de Juromenha, Alexandre Herculano e João Baptista de Almeida Garrett)

Obras póstumas
Política: reflexões e opúsculos, correspondência diplomática. Lisboa, 1904, 2 v.


Participação em publicações periódicas

Toucador - Periódico sem política, dedicado às senhoras portuguesas. Lisboa, 1822 (direcção e redacção)
Heraclito e Demócrito. Lisboa, 1823
Português - Diário político, literário e comercial. Lisboa, 1826 – 1827 (direcção e redacção)
Cronista - Semanário de política, literatura, ciências e artes. Lisboa, 1827 (direcção e redacção)
Chaveco Liberal. Londres, 1829 (direcção e redacção)
Precursor. Londres, 1831
Português Constitucional. Lisboa, 1836 (direcção e redacção)
Entreacto, Jornal de Teatros. Lisboa, 1837 (fundação, direcção e redacção)
Jornal do Conservatório. Lisboa, 1841 (fundação)
Jornal das Belas-Artes. Lisboa, 1843 – 1846 (fundação)
Ilustração - Jornal Universal. Lisboa, 1845 – 1846 (fundação)


Relevância na literatura portuguesa

No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett era geralmente tida como uma das mais geniais da língua, inferior apenas à de Camões.
A crítica do século XX (notavelmente João Gaspar Simões) veio questionar esta apreciação, assinalando os aspectos mais fracos da produção garrettiana.

No entanto, a sua obra conservará para sempre o seu lugar na história da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que se lhe seguiram.
Garrett, até pelo acentuado individualismo que atravessa toda a sua obra, merece ser considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.

in www.wikipedia.pt

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

NÃO TE AMO - Almeida Garrett


Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.
E eu n'alma --- tenho a calma,
A calma --- do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida --- nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Na Escola Secundária D. Dinis - Chuva de ovos recebe secretários de Estado da Educação à entrada de escola em Chelas


Mais um episódio de chuva de ovos ocorreu esta tarde, quando os secretários de Estado da educação Valter Lemos e Jorge Pedreira se preparavam para entrar na Escola Secundária D. Dinis, em Chelas, Lisboa.

Segundo contou a TSF, Valter Lemos e Jorge Pedreira tinham marcada uma reunião da Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL) com presidentes dos conselhos directivos na escola, mas foram recebidos pelos alunos com uma chuva de ovos.

Uma fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa adiantou à Lusa que "houve arremesso de alguns ovos, mas nenhum acertou nas viaturas, nem em ninguém da comitiva", que acabaram por entrar no recinto da escola.

Agentes da equipa de intervenção rápida da PSP foram chamados ao local e o pátio foi evacuado, mas alguns alunos mantêm-se junto ao estabelecimento de ensino, esperando a saída dos governantes, adiantou a mesma fonte.

Este é o segundo episódio esta semana de apupos a dirigentes governamentais da Educação, depois da ministra Maria de Lurdes Rodrigues ter sido recebido da mesma maneira em Fafe na passada terça-feira.

In www.publico.pt

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Post nº 100 - uma imagem vale mais do que mil palavras - 3




Para comemorar o 100º post do meu blog, nada melhor do que esta imagem humorística onde o que importa ressalvar são as meias que protegem do sol... há pois é...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Xutos e Pontapés - Contentores


Contentores


A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás

A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
Num voo nocturno num cargueiro espacial
Não voa nada mal isto onde vou
P'lo espaço fundo

Mudaram todas as cores
Rugem baixinho os motores
E numa força invencível
Deixo a cidade natal
Não voa nada mal
Não voa nada mal

Pela certeza dum bocado de treva
De novo Adão e Eva a renascer
No outro mundo
Voltar a zero num planeta distante
Memória de elefante talvez
O outro mundo

É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás
E nasce de novo o dia
Nesta nave de Noé
Um pouco de fé

domingo, 9 de novembro de 2008

Hold Still - David Fonseca & Rita Redshoes




In this little town
cars they don't slow down
The lonely people here
They throw lonely stares
Into their lonely hearts

I watch the traffic lights
I drift on Christmas nights
I wanna set it straight
I wanna make it right
But girl you're so far away

Oh, hold still for a moment and I'll find you
I'm so close, I'm just a small step behind you girl
And I could hold you if you just stood still

I jaywalk through this town
I drop leaves on the ground
But lonely people here
Just gaze their eyes on air
And miss the autumn roar
I roam through traffic lights
I fade through Christmas nights
I wanna set it straight
I wanna make it right
But man you're so far away

Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
You're so close, I can feel you all around me boy
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there

Oh, hold still for a moment and I'll find you
You're so close, I can feel you all around me
And I could hold you if you just stood still
Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
I'm so close, I'm just a small step behind you
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there

Composição: Little David Boy

sábado, 8 de novembro de 2008

Videos dos "Arranhí Pacanherra" a gozar com os basofes







Espero que se divirtam com estes vídeos.

PS: Rapazes espero que me perdoem por ter posto os vossos vídeos no meu blog, mas gosto muito dos vossos vídeos e estes retratam mesmo a vida triste dos mitras aka basofes aka gunas.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Divulgação de blogs




Estes são alguns dos blogs que aconselho vivamente.

http://arranhi-pacanherra.blogspot.com/

http://anunnya.blogspot.com/

http://historiamc.blogspot.com/

http://ocabresto.blogspot.com/

http://orgulhosamenteemcontramao.blogspot.com/

http://formiguinha.blogs.sapo.pt/

http://blogdosbichos.blogs.sapo.pt/

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Violênica escolar - Mangualde: Por causa de um telemóvel -Professora leva murro de aluno


Um aluno do 8º ano, de 15 anos, com antecedentes por mau comportamento, agrediu com um murro na cara uma professora de 42 anos que procurava persuadi-lo a entregar um telemóvel que tinha tirado, à força, a um colega mais novo.
A agressão aconteceu na segunda-feira no átrio da Escola EB2/3 Ana de Castro Osório, em Mangualde.

A vítima, professora de Inglês, apercebeu-se de que um aluno do 6º ano estava "triste" porque um colega lhe tinha tirado o telemóvel.
A docente pediu a devolução ao estudante que o tinha furtado, mas ele não acedeu. Após várias tentativas frustradas, quando lhe disse que tinha de ir ao conselho executivo o adolescente "deu um murro no lado esquerdo da face da professora e chamou-lhe de filha da p....", disse um elemento da escola.
O presidente do conselho executivo, João Alves, referiu que o aluno "é oriundo de outra escola, onde teve problemas, que em Outubro foi alvo de outro processo e que agora está suspenso [por causa do murro].
Não sei o que podemos fazer para o pôr na ordem. É hiperactivo e precisamos de ajuda", desabafa Maria Ribeiro, avó do jovem agressor. O caso foi comunicado ao Ministério Público.


Luís Oliveira

in www.correiomanha.pt

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Barak Obama - Esperança para o Mundo??



Os Norte Americanos elegeram um novo Presidente, o antigo senador, Barack Obama, filho de uma antropóloga Norte-Americana e de um economista queniano.
Mas o que importa referir é se este homem terá as devidas capacidades para acabar com as Guerras do Afeganistão e do Iraque, com a grave crise financeira que se abateu nos Estados Unidos da América, se poderá cumprir tudo aquilo que prometeu e se as relações com os restantes países do mundo, mas na minha opinião é esperar para ver.
Penso que o senhor não terá uma tarefa fácil e certos grupos da sociedade poderão contestá-lo, nomeadamente no que diz respeito à questão iraquiana e e nas questões que estão mais ligadas às reformas do sistema de saúde e dos impostos.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Luís Vaz de Camões



Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 10 de Junho de 1580) é frequentemente considerado como o maior poeta de língua portuguesa e dos maiores da Humanidade.
O seu génio é comparável ao de Virgílio, Dante, Cervantes ou Shakespeare.
Das suas obras, a epopéia Os Lusíadas é a mais significativa.


Origens e juventude
Desconhece-se a data e o local onde terá nascido Camões. Admite-se que nasceu entre 1517 e 1525.
A sua família é de origem galega que se fixou na cidade de Chaves e mais tarde terá ido para Coimbra e para Lisboa, lugares que reivindicam ser o local de seu nascimento.
Frequentemente fala-se também em Alenquer, mas isto deve-se a uma má interpretação de um dos seus sonetos, onde Camões escreveu "[…] / Criou-me Portugal na verde e cara / pátria minha Alenquer […]".
Esta frase isolada e a escrita do soneto na primeira pessoa, levam as pessoas a pensarem que é Camões a falar de si.
Mas a leitura atenta e completa do soneto permite concluir que os factos aí presentes não se associam à vida de Camões.
Camões escreveu o soneto como se fosse um indivíduo, provavelmente um conhecido seu, que já teria morrido com menos de 25 anos de idade, longe da pátria, tendo como sepultura o mar.

O pai de Camões foi Simão Vaz de Camões e sua mãe Ana de Sá e Macedo.
Por via paterna, Camões seria trineto do trovador galego Vasco Pires de Camões, e por via materna, aparentado com o navegador Vasco da Gama.

Entre 1542 e 1545, viveu em Lisboa, trocando os estudos pelo ambiente da corte de D. João III, conquistando fama de poeta e feitio altivo.

Viveu algum tempo em Coimbra onde teria freqüentado o curso de Humanidades, talvez no Mosteiro de Santa Cruz, onde tinha um tio padre, D. Bento de Camões. Não há registos da passagem do poeta por Coimbra.
Em todo o caso, a cultura refinada dos seus escritos torna a única universidade de Portugal do tempo como o lugar mais provável de seus estudos.

Ligado à casa do Conde de Linhares, D. Francisco de Noronha, e talvez preceptor do filho D. António, segue para Ceuta em 1549 e por lá fica até 1551.
Era uma aventura comum na carreira militar dos jovens, recordada na elegia Aquela que de amor descomedido.
Num cerco, teve um dos olhos vazados por uma seta pela fúria rara de Marte. Ainda assim, manteve as suas potencialidades de combate.

De regresso a Lisboa, não tarda em retomar a vida boémia.
São-lhe atribuídos vários amores, não só por damas da corte mas até pela própria irmã do Rei D. Manuel I.
Teria caído em desgraça, a ponto de ser desterrado para Constância. Não há, porém, o menor fundamento documental de que tal fato tenha ocorrido.
No dia de Corpus Christi de 1552 entra em rixa, e fere um certo Gonçalo Borges. Preso, é libertado por carta régia de perdão de 7 de Março de 1553, embarcando para a Índia na armada de Fernão Álvares Cabral, a 24 desse mesmo mês.

Oriente
Chegado a Goa, Camões toma parte na expedição do vice-rei D. Afonso de Noronha contra o rei de Chembe, conhecido como o "rei da pimenta".
A esta primeira expedição refere-se a elegia "O Poeta Simónides falando".
Depois Camões fixou-se em Goa onde escreveu grande parte da sua obra épica. Considerou a cidade como uma "madrasta de todos os homens honestos" e ali estudou os costumes de cristãos e hindus, e a geografia e a história locais.
Tomou parte em mais expedições militares. Entre Fevereiro e Novembro de 1554 integrou a Armada de D. Fernando de Meneses, constituída por mais de 1000 homens e 30embarcações, ao Golfo Pérsico, aí sentindo a amargura expressa na canção "Junto de um seco, fero e estéril monte".
No regresso foi nomeado "provedor-mor dos defuntos nas partes da China" pelo Governador Francisco Barreto, para quem escreveria o "Auto do Filodemo".

Em 1556 partiu para Macau, onde continuou os seus escritos.
Viveu numa gruta, hoje com o seu nome, e aí terá escrito boa parte d'Os Lusíadas. Naufragou na foz do rio Mekong, onde conservou de forma heróica o manuscrito da obra, então já adiantada (cf. Lus., X, 128).
No desastre teria morrido a sua companheira chinesa Dinamene, celebrada em série de sonetos. É possível que datem igualmente dessa época ou tenham nascido dessa dolorosa experiência as redondilhas "Sôbolos rios".

Regressou a Goa antes de Agosto de 1560 e pediu a protecção do Vice-rei D. Constantino de Bragança num longo poema em oitavas.
Aprisionado por dívidas, dirigiu súplicas em verso ao novo Vice-rei, D. Francisco Coutinho, conde do Redondo, para ser liberto.

De regresso ao reino, em 1568 fez escala na ilha de Moçambique, onde, passados dois anos, Diogo do Couto o encontrou, como relata na sua obra, acrescentando que o poeta estava "tão pobre que vivia de amigos" (Década 8.ª da Ásia).
Trabalhava então na revisão de Os Lusíadas e na composição de "um Parnaso de Luís de Camões, com poesia, filosofia e outras ciências", obra roubada.
Diogo do Couto pagou-lhe o resto da viagem até Lisboa, onde Camões aportou em 1570. Em 1580, em Lisboa, assistiu à partida do exército português para o norte de África.

Faleceu numa casa de Santana, em Lisboa, sendo enterrado numa campa rasa numa das igrejas das proximidades. Os seus restos encontram-se atualmente no Mosteiro dos Jerónimos.

Os Lusíadas e a obra lírica

Os Lusíadas é considerada a principal epopéia da época moderna devido à sua grandeza e universalidade.
As realizações de Portugal desde o Infante D. Henrique até à união dinástica com Espanha em 1580 são um marco na História, marcando a transição da Idade Média para a Época Moderna.
A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia.
É uma epopéia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer e nas exigências de uma visão heróica.

As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
(...)
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte

Camões, Lusíadas, Canto I.
A obra lírica de Camões foi publicada como "Rimas", não havendo acordo entre os diferentes editores quanto ao número de sonetos escritos pelo poeta e quanto à autoria de algumas das peças líricas. Alguns dos seus sonetos, como o conhecido Amor é fogo que arde sem se ver, pela ousada utilização dos paradoxos, prenunciam o Barroco.

O estilo
É fácil reconhecer na obra poética de Camões dois estilos não só diferentes, mas talvez até opostos: um, o estilo das redondilhas e de alguns sonetos, na tradição do Cancioneiro Geral; outro, o estilo de inspiração latina ou italiana de muitos outros sonetos e das composições (h)endecassílabas maiores.
Chamaremos aqui ao primeiro o estilo engenhoso, ao segundo o estilo clássico.

O estilo engenhoso, tal como já aparece no Cancioneiro Geral, manifesta-se sobretudo nas composições constituídas por mote e voltas.
O poeta tinha que desenvolver um mote dado, e era na interpretação das palavras desse mote que revelava a sua subtileza e imaginação, exactamente como os pregadores medievais o faziam ao desenvolver a frase bíblica que servia de tema ao sermão.
No desenvolvimento do mote havia uma preocupação de pseudo-rigor verbal, de exactidão vocabular, de modo que os engenhosos paradoxos e os entendimentos fantasistas das palavras parecessem sair de uma espécie de operação lógica.

As obras dele foram divididas em líricas e amorosas.
Um exemplo das obras líricas foi Os Lusíadas, dividido em 10 cantos, exalta a conquista de Portugal na rota das índias.


Obras

1572- Os Lusíadas (texto completo)

Lírica
1595 - Amor é fogo que arde sem se ver
1595 - Eu cantarei o amor tão docemente
1595 - Verdes são os campos
1595 - Que me quereis, perpétuas saudades?
1595 - Sobolos rios que vão
1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
1595 - Quem diz que Amor é falso ou enganoso
1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
1595 - Alma minha gentil, que te partiste

Teatro
1587 - El-Rei Seleuco
1587 - Auto de Filodemo
1587 - Anfitriões

Bibliografia

"Os Lusíadas". Catálogo da Exposição Bibl., iconogr. e medalhística de Camões. Intr., sel. e notas de José V. de Pina Martins. Lisboa, 1972;
Col. Camoniana de José do Canto. Lisboa, 1972.

Bibliografia activa
Anfitriões. Pref. e notas de Vieira de Almeida. Lisboa, 1942;
El-Rei Seleuco. Id. Ib., 1944;
Obras completas. Com prefácio e notas de Hernâni Cidade. Lisboa, 1946-1947;
Obra completa. Org., intr., com. e anotações de A. Salgado Júnior. R. de Janeiro, 1963;
Os Lusíadas. Leitura, prefácio e notas de Álvaro J. da Costa Pimpão. Lisboa, 1992;
Rimas. Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão. Coimbra, 1994;
Os Lusíadas. Edição comentada e anotada por Henrique Barrilaro Ruas. Lisboa, Editora Rei dos Livros, 2002.

Bibliografia passiva

Rebelo Gonçalves, Dissertações Camonianas. S. Paulo, 1937;
António Salgado Júnior, Os Lusíadas e a viagem do Gama. O tratamento mitológico de uma realidade histórica. Porto, 1939;
B. Xavier Coutinho, Camões e as artes plásticas. Porto, 1946-1948;
J. Vieira de Almeida, Le théâtre de Camões dans l'histoire du théâtre portugais. Lisboa, 1950;
H. Cidade, L. de Camões. Os Autos e o teatro do seu tempo. As cartas e o seu conteúdo biográfico. Lisboa, 1956;
Jorge de Sena, Uma canção de Camões. Lisboa, 1966; id., Os sonetos de Camões e o soneto quinhentista peninsular. Lisboa, 1969;
Georges le Gentil, Camões. Lisboa, 1969;
Roger Bismut, La Lyrique de Camões. Paris, 1970;
Vítor M. de Aguiar e Silva, Maneirismo e Barroco na poesia lírica portuguesa. Coimbra, 1971;
M.ª Isabel F. da Cruz, Novos subsídios para uma ed. crítica da Lírica de Camões. Porto, 1971;
Visages de L. de Camões. Paris, 1972;
António José Saraiva, Camões. Lisboa, 1972;
XLVIII Curso de Férias da Faculdade de Letras de Coimbra. Ciclo de lições comemorativas do IV Cent. da publ. de "Os Lusíadas". Coimbra, 1972;
Luciano Pereira da Silva, A Astronomia de "Os Lusíadas". Lisboa, 1972;
Ocidente (n.º especial). Nov. 1972;
Garcia de Orta (n.º especial). Lisboa, 1972;
Cleonice Berardinelli, Estudos Camonianos. R. de Janeiro, 1973; Estudos Camonianos. R. de Janeiro, 1974;
João Mendes, Lit. Portuguesa I. Lisboa, 1974;
E. Asensio, Sobre El Rey Seleuco de Camões, em Estudios Portugueses. Paris, 1974;
Roger Bismut, Les Lusiades de Camões, confession d'un poète. Paris, 1974;
Vítor M. de Aguiar e Silva, Notas ao cânone da Lírica camoniana. Coimbra, 1968 e 1975;
Gilberto Mendonça Teles, Camões e a poesia brasileira. R. de Janeiro,1979;
José Maria Rodrigues, Fontes dos Lusíadas. Lisboa, 1979;
Quaderni Portoghesi, 6. Pisa, 1979;
Studi Camoniani. L'Aquila, 1980;
Homenaje a Camoens. Estudios y ensayos hispano-portugueses. Granada, 1980;
Brotéria, vols. 110 e 111;
Luís F. Rebelo, Variações sobre o teatro de Camões. Lisboa, 1980;
A. Costa Ramalho, Estudos Camonianos. 2Lisboa, 1980;
A. Pinto de Castro (et al.), Quatro orações camonianas. Lisboa, 1980;
Eduardo Lourenço, Poesia e Metafísica. Lisboa, 1980;
Hélder de Macedo, Camões e a viagem iniciática. Lisboa, 1980;
Jorge de Sena, A estrutura de "Os Lusíadas" e outros estudos camonianos e de poesia peninsular do séc. XVI. Lisboa, 1980; id.,30 Anos de Camões. Lisboa, 1980;
Cleonice Berardinelli, Os sonetos de Camões. Paris, 1980;
Jorge Borges de Macedo, "Os Lusíadas e a História. Lisboa, 1980;
J. G. Herculano de Carvalho, Contribuição de "Os Lusíadas" para a renovação da língua portuguesa. Coimbra, 1980;
Vasco Graça Moura, L. de Camões: alguns desafios. Lisboa, 1980;
José Hermano Saraiva, Vida Ignorada de Camões. Lisboa, 1980.
W. Storck, Vida e obras de L. de Camões. Lisboa, 1980;
Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 1980-1981;
M.ª Vitalina Leal de Matos, Introdução à poesia de L. de Camões. Lisboa, 1980; id., O canto na poesia épica e lírica de Camões. Paris, 1981;
M.ª Clara Pereira da Costa, O enquadramento social da Família de Camões na Lisboa do séc. XVI. Lisboa, 1981;
José Pedro Machado, Notas Camonianas. Lisboa, 1981;
J. Filgueira Valverde, Camões. Coimbra, 1981; Cuatro lecciones sobre Camoens. Madrid, 1981;
A. Pinto de Castro, Camões, poeta pelo mundo em pedaços repartido. Lisboa, 1981;
A Viagem de "Os Lusíadas": símbolo e mito. Lisboa, 1981;
E. Asensio e J. V. de Pina Martins, L. de Camões. El Humanismo en su obra poética. Los Lusíadas y las Rimas en la poesía española. Paris, 1982;
M.ª Lucília G. Pires, A crítica camoniana no séc. XVII. Lisboa, 1982;
J. de Sena, Estudos sobre o vocabulário de "Os Lusíadas". Lisboa, 1982;
Jacinto do Prado Coelho, Camões e Pessoa, poetas da utopia. Lisboa, 1983;
H. Cidade, L. de Camões. I. O Lírico. Lisboa, 1985; id., L. de Camões. II. O Épico. Lisboa, 1985;
Camoniana Californiana. St.ª Bárbara, 1985;
Vasco Graça Moura, Camões e a divina proporção. Lisboa, 1985; id., Os penhascos e a serpente. Lisboa, 1987;
Fidelino de Figueiredo, A épica portuguesa do séc. XVI. Lisboa, 1987;
Martim de Albuquerque, A expressão do Poder em L. de Camões. Lisboa, 1988;
J. A. Cardoso Bernardes, O Bucolismo português. Coimbra, 1988;
M.ª Helena Ribeiro da Cunha, A dialéctica do desejo na Lírica de Camões. Lisboa, 1989;
A. Costa Ramalho, Camões no seu e no nosso tempo. Coimbra, 1992;
Actas das Reuniões Internacionais de Camonistas: I (Lisboa, 1973); III (Coimbra, 1987); IV (Ponta Delgada, 1984) e V (S. Paulo, 1992);
Revista Camoniana (S. Paulo, 10 vols publ. desde 1964).
Grande enciclopédia do conhecimento



in www.wikipedia.pt

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ministro diz que instituição enfrenta "iminente ruptura de pagamentos" - Governo anuncia nacionalização do BPN




O ministro das Finanças anunciou hoje que o Governo vai propor à Assembleia da República a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) que, a confirmar-se, passará a ser gerido pela Caixa Geral de Depósitos.

Em conferência de imprensa, no final de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, o ministro das Finanças justificou aquela que é a primeira nacionalização em Portugal desde 1975 com a situação “excepcional”, “delicada” e “anómala” vivida por aquela instituição bancária, cujas perdas acumuladas rondam os 700 milhões de euros, das quais 360 milhões associadas a operações com o Banco Insular, de Cabo Verde.

O BPN, propriedade da Sociedade Lusa de Negócios, está “numa situação muito perto da iminente ruptura de pagamentos”, sublinhou Teixeira dos Santos, lembrando que a instituição “não tendo vindo a cumprir os rácios mínimos solvabilidade” impostos pelo Banco de Portugal e não existem perspectivas de que encontre, a curto prazo, "novas fontes de liquidez".

“Face à inexistência de uma solução que permita defender o interesse dos depositantes, o Governo viu-se obrigado a propor à Assembleia da República a nacionalização do BPN”, declarou o ministro, acrescentando que, já a partir de amanhã, o funcionamento da instituição será acompanhada por dois administradores da Caixa Geral de Depósitos.

Assim que a proposta de nacionalização for aprovada, a gestão do BPN será entregue à CGD, que será encarregue de “gerir e apresentar um plano de desenvolvimento”.

O Governo remeteu mais pormenores para uma conferência de imprensa conjunta de Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, agendada para esta tarde.

Governo anuncia linha de crédito à banca

No final da reunião desta tarde, o ministro das Finanças anunciou também a abertura de uma linha de crédito de quatro mil milhões de euros para auxiliar os bancos a reforçar o seu capital, garantindo, assim, a sua solidez financeira. Isto porque, explicou Teixeira dos Santos, o Banco de Portugal vai passar a exigir às instituições financeiras que aumentem o seu rácio de solvabilidade para oito por cento dos fundos de base, contra os actuais quatro por cento.

“Isto vai obrigar as instituições a reforçar a solidez financeira e, nesse sentido, a par do esforço que os accionistas vão ter que fazer, o Governo irá disponibilizar meios financeiros, para através de acções preferenciais, poder também contribuir para essa capitalização dos bancos”, justificou.

Frisando que o mecanismo é semelhante ao que outros países da União Europeia têm vindo a aplicar, o ministro das Finanças argumentou que “a capacidade de os bancos concederem crédito depende da solidez” e que “quanto mais forte for, maior capacidade terão os bancos de financiar a economia”.

in www.publico.pt