domingo, 12 de outubro de 2008
Memorial do Convento - José Saramago
No romance Memorial do Convento, José Saramago recorre a um certo momento da história de Portugal e numa narrativa alegórica propõe uma reflexão sobre todos esses acontecimentos, sobre o comportamento e o destino humano e sobre um mundo onde há a magia do inexplicável.
Romance histórico, mas também social e de espaço, porque articula o plano da história (espaço físico e sócio-cultural)com o plano da ficção e do fantástico.
O título "Memorial do Convento" sugere as memórias de um passado que foi delimitado pela construção do Convento de Mafra, com o que de grandioso e trágico representou como símbolo do país.
A verdade histórica do reinado de D. João V (no século XVIII), com a construção do convento de Mafra, a Inqusição e os autos-de-fé, ou os espaços populares, serve de base contextual para a narração ficcional da reivenção histórica e para a construção da acção com uma vertente do fantástico que envolve a relação de Blimunda e Baltasar, a realização dos sonhos da passarola ou as crenças num universo de magia.
O fio condutor da intriga passa por Blimunda, que imprime à acção uma dinâmica muito própria que lhe confere espiritualidade, ternura e magia.
A acção acaba por se centrar na relação entre Baltasar e Blimunda, que transgride todos os códigos em qualquer tempo, nomeadamente da época.
As vozes do narrador e das personagens proporcionam, constantemente, uma análise crítica aos tempos representados e da enunciação, mas, sobretudo, um comentário e uma crítica ao presente, por onde passa também a história, permitindo confrontar o ser e o tempo.
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