domingo, 8 de fevereiro de 2009

UM DUQUE VITORIANO NA NOVA-IORQUE CONTEMPORÂNEA - Kate and Leopold


Ele, Leopold, é o 3º Duque de Albany, celibatário famoso e objecto de desejo do mulherio de uma muito aristocrática Nova Iorque.
Fácil, torna-se, então perceber que a época do dito cavalheiro é outra. Em boa verdade, decorre o ano da graça de 1876 e acaba de ser inaugurada a famosa ponte de Brooklyn.
Ela, Kate, vive na moderna e cosmopolita Nova Iorque, mulher de carreira e, inevitavelmente, sem parceiro sentimental no momento.
Kate é uma executiva de topo, mulher dos nossos dias. Corre, afundado em habitual “stress”, o ano de 2001.
Para terminar a breve apresentação das figuras da trama, resta apenas acrescentar que ele, Leopold, é Hugh Jackman, o Wolverine de «X – Men»; e que ela, Kate, é Meg Ryan, a ... Meg Ryan de sempre.
Mas que fazem juntos no mesmo filme personalidades separadas no tempo por, nada mais nada menos, um século?
É o que James Mangold – realizador – nos procura fazer entender e demonstrar ainda, depois de justificada a ligação, que não existem barreiras culturais motivadas por épocas diferentes capazes de contrariar o surgimento do amor.

O ex-namorado de Kate é um cientista que através de um estranho fenómeno natural viaja até à época de Leopold.
Contra a vontade daquele, Leopold persegue-o e dá por consumada a sua queda no ano de 2001.
É a partir das referidas premissas que James Mangold acaba por construir esta interessante comédia romântica que cumpre bem o seu papel de entretenimento fácil mas divertido.
Um filme despretensioso que procura não assentar unicamente nas habituais convenções do género. A par da originalidade das épocas diferentes dos elementos que compõem o par romântico, existem ainda alguns pormenores de composição das personagens que merecem ser realçados.
É que, em «Kate & Leopold», o homem passa por ser o factor mais em termos de romantismo e é um cavalheiro muito delicado enquanto a mulher assume a frieza cínica de alguém com um inegável controlo profissional, mas angustiada e só na vida privada.
Provavelmente por motivo das suas próprias escolhas e modo de vida.

«Kate & Leopold» possui nos comportamentos cómicos resultantes no choque cultural de um Duque do século passado confrontado com a ascensão de sexo feminino na sociedade actual e uma incompreensível, aos seus olhos, menor gentileza de trato social o factor mais positivo e conseguido da sua condição de comédia.
Destaques ainda para os efeitos visuais na excelente reconstituíção da Nova Iorque vitoriana como fundo para a recriação da ponte de Brooklyn no seu esplendor original.
Hugh Jackman mostra-se extremamente convincente não apenas como vendedor de margarina (a descobrir este divertido pormenor no filme) como também no seu novel papel de romântico e sedutor; Meg Ryan, apesar do peso dos anos, continua bem no seu incontornável papel de namoradinha da América.
Ah, antes de terminar, um detalhe de importância vital numa dúvida que fica: terá Leopold, com a sua visita aos tempos de hoje, surripiado os planos para a invenção do elevador?

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