Quatro apartamentos no Bairro Quinta do Cabrinha, em Lisboa, foram ontem desocupados coercivamente. Os ocupantes de duas outras casas aguardam também ser retirados à força.
Os casos de desocupação coerciva envolvem famílias carenciadas e mulheres grávidas. Uma situação que o presidente do conselho de administração da Gebalis, Luís Marques Santos, disse desconhecer, pois quando é ordenada a retoma das casas "não é conhecido quem as ocupa ilegalmente".
Ontem pela manhã, Andreia Correia, mãe de Luana, de 15 meses, e de Leandro, de 4 anos, foi posta na rua. Sem casa, diz que vai passar a dormir no corredor da casa da mãe com os filhos.
Uma situação semelhante é vivida por Tatiana Nunes, de 19 anos, mãe de Rodrigo, de dois anos, e Bernardo, de onze meses. Ana Rita Silva, grávida de três meses e mãe de Rafael, de dois anos, aguarda com o marido um novo despejo, pois reocuparam a casa no sábado. O mesmo acontece a Ana Cristina Bogas, mãe solteira de três menores.
DOIS DETIDOS NO QUINTA DO CABRINHA
A desocupação coerciva de casas na Quinta do Cabrinha, em Lisboa, desencadeou ontem uma série de desacatos entre os ocupantes e as autoridades. A Polícia Municipal deteve duas pessoas, que deverão ser hoje presentes a tribunal. "Fomos chamados ao local e numa ocupação abusiva. Como acontece quase sempre nestas situações, houve desacatos", disse o comandante da Polícia Municipal, subintendente André Gomes. O mesmo responsável adiantou que "a ocupação ilegal constitui por si só um crime passível de detenção", medida a que foram, contudo, poupados os vários ocupantes que desde sábado têm sido retirados à força das casas.
PORMENORES
400 CASAS DEVOLUTAS
Há 400 casas devolutas em Lisboa. No Vale de Alcântara a renda média é de 78 euros e 10% tem rendas em atraso, num total de 550 mil euros.
AGRESSÕES NA GEBALIS
Na quarta-feira, os ocupantes dirigiram-se ao gabinete de Gebalis no bairro e agrediram funcionários.
João Saramago
in www.correiomanha.pt
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