O quinto aniversário dos atentados de 11 de Março em Madrid será o primeiro com os responsáveis na cadeia.
É também o primeiro sem cerimónias governamentais. As vítimas começam a ser esquecidas, afirma Pilar Manjón, presidente da Associação 11-M Afectados pelo Terrorismo, numa entrevista ao "El País". “Muitas nem têm o que comer.”
O filho de Pilar Manjón, Daniel, tinha 20 anos quando morreu, juntamente com outras 190 pessoas, nos atentados de Atocha, a 11 de Março de 2004.
As famílias e muitas das vítimas que ficaram com incapacidades para o resto da vida estão agora desamparadas, diz ao diário espanhol. “Há gente que não tem o que comer. Não tem como pagar um acamado em casa. Quase todos são imigrantes, mas também espanhóis. Recebo todas as semanas entre 10 e 15 pedidos de ajuda económica para alimentação, apesar de não termos subsídios para esse tipo de coisas.”
A situação é tanto mais grave quanto as sequelas causadas pelo atentado vão piorando. “As perdas auditivas tornaram-se permanentes ao ponto de estarmos a fazer cursos de língua gestual... A única coisa que muda é que já não há fotografias de ocasião. Passámos para segundo plano”.
Ao fim destes cinco anos, Pilar Manjón está também convencida que os juízes espanhóis ainda “não entendem o fenómeno jihadista”, o que os leva a não aplicar a lei com eficácia. E defende que, para além de os crimes de terrorismo não deverem prescrever, deve ser criada uma “fiscalização de terrorismo islâmico idêntico ao que existe para a ETA”.
O diário "El Mundo" destacava que sem nenhum acto organizado pelo Governo de José Luis Rodriguez Zapatero, o quinto aniversário ficará marcado pela polémica que opôs o Partido Socialista de Madrid à presidente regional, Esperanza Aguirre (do Partido Popular).
Os socialistas decidiram boicotar o acto de homenagem organizado por Esperanza por se oporem ao encerramento de uma comissão de investigação de uma alegada rede de espionagem.
in www.publico.pt
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