domingo, 14 de setembro de 2008

Ortodexia: Quando comer bem é uma obsessão



Bane-se o açúcar, elimina-se as gorduras. Os vegetais tornam-se amigos inseparáveis de um prato caracterizado por desequilíbrios cada vez maiores. Exclui-se a carne, os alimentos cultivados com pesticidas, as substâncias artificiais, reduzindo-se a lista do que é permitido. Comer deixa de ser um prazer e torna-se uma missão que, é certo, está isenta de qualquer pecado, mas que adquire o estatuto de doença. É a ortodexia.

Há quem lhe chame uma obsessão por uma alimentação saudável e a quem dela sofre – viciado num desejo de pureza conseguido através de uma vigilância exaustiva do que tem direito a caber no menu. Se é verdade que tudo começa com um objectivo merecedor de aplausos – melhorar os hábitos alimentares – as consequências podem ser graves. É que nortear a dieta por este princípio de pureza é torná-la carente de nutrientes essenciais para a saúde. O excesso leva ao desenvolvimento de intolerância a alguns alimentos e a alergias.

"Aquilo que se vê é um contraditório", refere Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas. "De um lado o desejo de saúde, de outro uma alimentação sem os ingredientes fundamentais para manter essa saúde." Apesar de não haver estudos sobre incidência, os especialistas acreditam que está a aumentar. Alexandra Bento concorda. Ao contrário da anorexia ou bulimia, em que a principal preocupação é perder peso, para os ortoréxicos o problema não é a quantidade, mas a qualidade, ao ponto de preferirem nada comer se a alternativa for um alimento considerado impuro. As regras alimentares tornam-se rígidas e entre os sinais da doença, para além do planeamento rigoroso das refeições, estão ainda as críticas constantes aos que comem ‘mal’, o sentimento de culpa quando não se cumpre as regras e o distanciamento da família e amigos.

CALORIAS A MAIS

As saladas podem ser uma refeição saudável, mas também podem ser autênticas bombas calóricas quando não se dispensa os molhos, sobretudo à base de maionese. O molho de iogurte é sem dúvida uma sugestão menos calórica.

OS MITOS: COMO COMER COM SAÚDE

A FRUTA PODE ENGORDAR

Que a fruta tem vitaminas e ingredientes essenciais para a saúde, ninguém duvida. Mas substituir todas as refeições por fruta significa ingerir grandes quantidades dos açúcares que existe neste tipo de alimentos, a frutose.

COMER SÓ VEGETAIS É MAIS SAUDÁVEL

É verdade que, dizem os especialistas, os vegetais fazem parte integrante de uma alimentação equilibrada e saudável. Mas como são, muitas vezes acompanhados por molhos ou integrados em guisados, tornam-se ricos em calorias.

SALADAS A TODAS AS REFEIÇÕES É ERRADO

Mais uma ideia errada é de que comer salada a todas as refeições permite chegar ao tão desejado peso. Mas as saladas que hoje se consome um pouco por todo o lado são ricas em calorias quando regadas com molhos, como as maioneses ou as pastas de atum.

DO MAGRO AO NATURAL

Escolher, por exemplo, um iogurte magro significa, em muitos casos, ingerir cerca de 13 gramas de açúcar. Mas não é só. Quanto aos sumos naturais, defendidos pelos que professam a perda de peso, têm mais calorias do que a fruta.

in - www.correiomanha.pt

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